terça-feira, 12 de abril de 2011

Sempre te odiarei.

Sempre te odiei, Fulana. Desde o primeiro momento em que te vi. Deve ter sido culpa do nome. Deve ter sido culpa de teres o mesmo nome que eu, eu estar a mais tempo na escola e ainda assim eu ser a outra Fulana. Isso me irritava. Ainda me incomoda. Eu tinha o que? 10, 11 anos?
Te odiava porque tua vida parecia perfeita. Porque todos gostavam de ti, tinha todos os meninos que queria. Mesmo nunca tendo me interessado por nenhum deles, me incomodava ser tão fácil pra ti. Sempre te odiei. Odiava teu ar popular. Teu risonho forçado, teu cabelo sempre perfeito, teu sorriso sem aparelho, tuas notas boas, tua facilidade na educação física, tua desenvoltura, o jeito que as coisas eram tão fáceis e simples pra ti. Odiava o jeito que tua vida parecia propaganda de margarina. 
Odiava ainda mais por nunca teres sido grosseira comigo. Era sempre gentil com todos. Nunca pareceu ter nada contra mim. Te odiava por seres simpática. 
Não entendas mal. Ainda te odeio. Tudo continua parecendo perfeito em ti. Teu corpo é perfeito, não ter problemas em controlar peso me faz te odiar. Tua carreira desmancha, viajas por todos lugares, é o tipo de pessoa brilhante. Te odeio porque és tudo o que não sou. Te odeio porque perto de ti, me sinto com 11 anos de novo. Me sinto insegura, pequena, feiosa. Sempre me sinto o patinho feio perto de ti. Sinto como se nunca me transformarei em cisne. 
Seria um sonho se um dia soubesse que tem alguma insegurança/admiração desse tipo sobre mim. Duvido muito, mas gosto da esperança. 

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