quinta-feira, 31 de março de 2011

2º dia

Acabei de comer meu último petisco: um pote de iogurte. Legal, me controlei bonitinha hoje também. Consumi minhas 400 notas, fiz meia hora de aeróbicos, pilates e ioga. Estou menos esfomeada que ontem. Minha mãe cozinhou lingüiça hoje à noite e tinha cacetinho (vulgo pão francês para não provincianos) fresquinho, como eu amo. Mas não cheguei nem perto. O cacetinho chegou a olhar pra mim e implorar para que eu comesse o miolo macio dele, depois enchesse de maionese com pesto e queijo e tomate e presunto… Mas eu fui mais forte que isso. Ele continua lá na cozinha. 
Difícil vai ser amanhã… Vou fazer cupcakes, tem aniversários pra ir… (sim, mais de um). Decidi que durante a semana, 400 notas em comida são suportáveis. No fim de semana posso passar sem risco para 500 notas, já que estou fazendo tanto exercício.
Amanhã de manhã me peso. O peso que postei antes tinha constatado na verdade semana passada. Tomara que esteja mais leve… 
Força. Aguentei 2 dias. Já é mais do que foram minhas últimas tentativas. 

quarta-feira, 30 de março de 2011

1º dia

Estou pesando 65 quilos. 
Busto: 102 cm
Tórax: 81 cm
Cintura: 83 cm
Pança: 95 com
Quadril: 104 cm
Coxa: 60 cm
Braço: 30 cm
Não está bom assim.
E para melhorar a situação, que faço? Bem, estou de volta à não-dieta das notas. Não é o ideal, é só a única coisa que consigo fazer. Não sei decidir comer só alface e arroz integral até me acostumar com isso e incorporar à minha vida. Sou uma chef, comer a mesma todo dia me deixa doente. E deprimida. Essa dieta das notas não é ideal, mas me faz ter flexibilidade alimentar, o que a torna ideal para mim. E estou fazendo 30 minutos de exercícios aeróbicos, 3 vezes por semana. Além do pilates, 2 vezes por semana e a ioga. Essa só uma vez. Não é nada demais. Aeróbicos são um mal necessário. Dizem que é a única coisa que queima caloria mesmo, gordura e tal.
Hoje eu fiz meia hora de aeróbicos. Um saco. Mas fiz. 
Consumi só 400 notas, traduzindo, 800 calorias. É pouco, eu sei. Mas essa dieta trabalha com compensações. Como sei que fim de semana vou comer mais, e beber um pouco, economizo agora. Não vou mentir que não estou com fome. Comi bem, mas estou habituada a comer mais. Bem agora tinha vontade de comer meia dúzia de pães de queijo e uma panela de negrinho. Mas não vou comer mais nada. Água é saudável. E ir dormir mais cedo também. 
Força. O primeiro dia passou bem. Consegui resistir às vontades. Que venha o segundo.  

Sobre o comer...

Vou começar por onde me incomoda mais: meu problema com a balança. 
Eu não sou gorda. Mas nunca fui magrinha. Sempre fui aquela criança fofinha, adolescente arredondada e agora (adulta? ainda não…) mais cheinha. Graças aos deuses e orixás, nosso país ainda prefere as gostosas, e existem muitos homens defensores da carne. Não me sentiria bem esquelética, e acho que só ficaria bem seca se ficasse doente. 
Minha família tem seios grandes. E bunda grande. E a maioria, tem a barriga grande também. Só nos falta altura. Tirando a barriga, não é tão ruim. É um corpo que várias gurias sonham em ter, ou fazem horas de academia e cirurgias pra chegar perto. Mas isso na minha puberdade foi o verdadeiro terror. 
Vi meu corpo mudar rápido, ganhar curvas, meu peito crescer e encher de estrias. Foi terrível, odiava cada pedaço de mim. Me olhava no espelho e chorava sem parar. Minha mãe vinha e chorava comigo, desesperada, porque não sabia o que fazer. Foi complicado. Ao mesmo tempo que notava que os homens olhavam para mim, e isso me deixava feliz e toda assanhada, também sofria com aquele corpo que não conhecia. 
Aí entrei numas de fazer dieta, por conta. Começou com a da lua, e depois foi pra dos pontos. A da lua não tem lógica nenhuma, e a dos pontos pode até ser boa se bem dirigida, mas no meu caso teve um efeito negativo. Como tinha que contar tudo o q comia, e só podia comer até x pontos diários, eu comia e botava pra fora. Vomitava, pra ser mais explícita. Chegou a um ponto de eu sentir tanto prazer em comer quanto vomitar. E aí eu me sentia muito mal. Comia horrores, e ai vomitava. Não vomitava tudo o que comia, só quando comia demais. E mais tarde comecei a tomar laxantes também. 
Superei essa fase gradualmente. Hoje não vomito mais. Mas não quer dizer que está tudo resolvido. O sentimento continua, aquela auto estima abalada, e a vontade de comer o mundo e o arrependimento depois. 
Agora como para não pensar no que sinto. Se tenho um problema, acho que mereço comer tal coisa. Tipo, sorvete. Ou pão de queijo. E não como um pouquinho, como até ficar cheia. A sensação da barriga cheia faz com que eu não pensei mais no problema. Não resolve nada, pelo contrário. 
E eu gosto muito de comer. E de cozinhar. E escolhi isso para ser minha profissão. Sim, eu sou contraditória. É paradoxal. Meu problema com a alimentação mais grave (bulimia) foi curado justamente pela gastronomia. Valorizando a comida. A gastronomia me deu mais confiança, mais segurança em mim. E também me engordou 10 quilos. Eu tenho 1,56m. E peso 65 quilos. Não é um absurdo, eu sei. 
Mas me irrita a grossura dos meus braços, o fato das minhas coxas roçarem umas nas outras quando ando e as graxinhas que escapam pra fora da roupa. E me irrita também pesar mais de 60 quilos. Mais que tudo, me irrita essa relação errada que tenho com a comida. Pra mim não basta deixar de comer qualquer coisa. Quero ter a liberdade de comer o que quiser. E me sentir bem, e estar saudável. Por um lado, sou uma libertina, por outro uma escrava. Esse é o primeiro equilíbrio que busco. Esse é meu primeiro desafio.

Começando

Quem me vê de longe, não diz que tenho problemas. Aliás, é difícil ver de longe quem tem problemas. 
Meus problemas e distúrbios não são nada que possa alterar a minha interação social. Nada que seja ruim para os outros. Mas é para mim. Me incomoda, mesmo que até a pouco tempo atrás eu mal tivesse consciência deles. Dizem que assumir é o primeiro passo. Quem sabe pra que? Assumir, tomar consciência. E depois?
Eu tenho consciência e assumo que tenho problemas. Tenho algo que nossos médicos e especialistas insistem em classificar com um geral "compulsão alimentar". Eu discordo. Concordo plenamente que tenho um distúrbio alimentar, que foi mudando com o passar dos anos. Mas o termo que mais se encaixa com o que tenho agora seria "emocional eating". Comer para não lidar com os sentimentos. Assumo que tenho um certo fraco por gastar dinheiro, especialmente pela internet. Gosto de fugir dos problemas em vez de enfrentá-los. Prefiro a noite ao dia. Empurro as coisas com a barriga. Tenho a autoestima meio em baixa. Sou resmungona, fumo ocasionalmente, tenho aversão à monogamia e puritanismo, prefiro o dia à noite, tenho uma bissexualidade não muito resolvida, fico me criticando e me comparando às outras pessoas. Tem algumas coisas que não tenho vontade de resolver, e nem vou falar mais sobre. E outras vou me aprofundar mais tarde. 
Como aprendi uma vez com uma psicóloga, só é um problema se tu te incomoda e não sabe conviver com ele. O que ainda não me incomoda e eu convivo bem, vai ficar, mesmo que tenha uns e outros que achem que eu deveria mudar. Tenho dito. 
E agora vou tentar fazer uns 30 minutos de esteira, antes que eu desista!

terça-feira, 29 de março de 2011

Para inaugurar

Basicamente o que quero com esse blog é tentar fazer um auto acompanhamento. É um diário virtual. Dos meus esforços para manter minha saúde mental. E física. Duvido que tenha muitos leitores. Nem é isso que quero. É mais um jeito de me policiar, de conseguir me enxergar com mais clareza. Praticamente um divã. É isso.