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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Banho quente


Posso ficar sem muita coisa. Sem maquiagem, sem dormir direito, sem comer. Desde que eu possa no fim das contas tomar um banho quente. Quente, eu digo fervente. E um sabonete ultra cheiroso. De preferência líquido. 
Lembro até hoje da primeira vez que tomei um banho quente, demorado e com um sabonete bem cheiroso pra acalmar a raiva. Tinha tido problemas na escola, um professor me entendeu mal, e perdi uma chance. Achei que estava tudo perdido. Cheguei em casa bufando. Minha mãe me botou no chuveiro. Mágico. Saí de lá mais leve, mais calma. Pedi desculpas para o professor no outro dia e tudo deu certo. Não faço idéia de que idade tinha. Talvez uns 11. 
Continuo usando a mesma tática. Se tudo mais dá errado, vou pra casa. Me enfio num chuveiro, encho a esponja de sabonete e derreto embaixo da água. Se for muito séria a situação, me enfio na banheira até a água ficar gelada. 
Um sabonete cheiroso é uma ótima aquisição, sempre. Faz eu esquecer aquele banheiro de quarto de hotel de centro horroroso. Faz esquecer do carpete sujo, da casa sem nada, daquele canalha, daquele atendente estúpido, do cheiro do hospital, da mancada que dei. 
Tem que ter alguma magia no combinado água escaldante + sabonete cheiroso. Não resolve a situação. Mas lava a alma, e me deixa pronta pra seguir adiante.  É o meu luxo que não abro mão. Chega a ser uma necessidade básica.

Em tempo: ninguém faz sabonete tão cheiroso e mágico quanto a L'occitane. Tanto em barra, quanto líquido. Não é barato, mas por todo esse benefício, sinceramente, pra mim vale a pena. 

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Memórias Avulsas I

Houve um verão em Curitiba. Uma semana, na verdade, naquela cidade verde e de clima instável. Eu era uma menina de 14 aninhos, com todo o calor da idade, com toda a revolta da adolescência. Linda, fresca, feliz e desfrutando de uma semi-liberdade muito desejada. Caminhei por aquela cidade, quis descobrir todos os cantos, sentir todos os odores e viver todos os amores e ardores. Conheci um japinha doido… Tinha 21 anos, eu nem lembro do nome dele. Lembro do sorriso dele, do jeito q ele me olhava. Era leve, era maluco. Beijava incrivelmente bem. Ele me procurava, eu fugia dele. 
Houve uma tarde absurdamente quente naquela cidade quase sempre fria. Andava e fugia da mão do japa, que sempre tentava agarrar a minha. E de repente  começou a chover, quis fugir da chuva e ele riu de mim. Me pegou pela mão, me arrastou para a chuva e me beijou. O beijo morno, a chuva gelada. Tão louco! Rodopiava comigo pela chuva, como uma criança, como uma cena de filme. A chuva não parava, nem eu queria que parasse. Aquela luz, o cheiro, a sensação da água. Tão poético, tão sensual. Paixão instantânea, fast food. Foi tão bom.
Houve uma noite, e nessa noite um concerto. Um tédio para tanto hormônio explodindo em mim. Nos beijamos loucamente dentro do teatro. Ele pegava minha mão e beijava meus dedos como se fossem minhas pernas. Eu não tinha sentido nada assim antes. Foi a primeira vez que peguei em um pênis. Por cima da calça, mas ele estava tão duro, e me pareceu tão ousado… E depois ele me ensinou a bater palmas, e que trompas escorrem baba, e que batom é feito para sair. 
Eu não tenho saudade dele. Não me apaixonei por ele. Na verdade, mal o suportava de tão intenso que era. Espontâneo. Me recordo sem nostalgia, mas com carinho.
Foi exatamente como uma chuva de verão. Deliciosa, fresca, intensa. Mas rápida. E uma lembrança tão boa...