quarta-feira, 15 de junho de 2011

Memórias Avulsas I

Houve um verão em Curitiba. Uma semana, na verdade, naquela cidade verde e de clima instável. Eu era uma menina de 14 aninhos, com todo o calor da idade, com toda a revolta da adolescência. Linda, fresca, feliz e desfrutando de uma semi-liberdade muito desejada. Caminhei por aquela cidade, quis descobrir todos os cantos, sentir todos os odores e viver todos os amores e ardores. Conheci um japinha doido… Tinha 21 anos, eu nem lembro do nome dele. Lembro do sorriso dele, do jeito q ele me olhava. Era leve, era maluco. Beijava incrivelmente bem. Ele me procurava, eu fugia dele. 
Houve uma tarde absurdamente quente naquela cidade quase sempre fria. Andava e fugia da mão do japa, que sempre tentava agarrar a minha. E de repente  começou a chover, quis fugir da chuva e ele riu de mim. Me pegou pela mão, me arrastou para a chuva e me beijou. O beijo morno, a chuva gelada. Tão louco! Rodopiava comigo pela chuva, como uma criança, como uma cena de filme. A chuva não parava, nem eu queria que parasse. Aquela luz, o cheiro, a sensação da água. Tão poético, tão sensual. Paixão instantânea, fast food. Foi tão bom.
Houve uma noite, e nessa noite um concerto. Um tédio para tanto hormônio explodindo em mim. Nos beijamos loucamente dentro do teatro. Ele pegava minha mão e beijava meus dedos como se fossem minhas pernas. Eu não tinha sentido nada assim antes. Foi a primeira vez que peguei em um pênis. Por cima da calça, mas ele estava tão duro, e me pareceu tão ousado… E depois ele me ensinou a bater palmas, e que trompas escorrem baba, e que batom é feito para sair. 
Eu não tenho saudade dele. Não me apaixonei por ele. Na verdade, mal o suportava de tão intenso que era. Espontâneo. Me recordo sem nostalgia, mas com carinho.
Foi exatamente como uma chuva de verão. Deliciosa, fresca, intensa. Mas rápida. E uma lembrança tão boa...

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